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Ícone country e pop, Dolly Parton faz aniversário
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Fernando Kaida

Nesta quinta-feira completam-se 30 anos da morte de Elis Regina, e Nara Leão faria 70 anos. Mas o dia também é de outra grande cantora, que no Brasil, infelizmente, é conhecida apenas por sua imagem kitsch e exagerada, divulgada aqui por meio de filmes dos anos 1980, entre eles  “Como Eliminar Seu Chefe”. Dolly Parton, um dos principais nomes do country e pop norte-americanos nas últimas cinco décadas, faz 66 anos hoje.

Ouça discos de Dolly Parton na Rádio UOL.

Parton foi a primeira cantora e fazer a transição, na década de 1970, entre a música tradicional norte-americana e as paradas pop, e segue ativa ainda hoje como compositora, cantora e atriz. Lançou no ano passado o disco “Better Day” e, em 2012, volta ao cinema depois de quase 20 anos, com o filme “Joyful Noise”, ao lado de Queen Latifah.

Considero a cantora tão importante quanto outros nomes pioneiros do country que são mais cultuados hoje, como Johnny Cash, para citar um exemplo de artista que renovou o público no fim da carreira. Mas a figura extravagante de Dolly, com maquiagem carregada, cabelos loiríssimos, plásticas diversas, cintura fina e saias e vestidos curtos, faz com que boa parte do público a veja hoje como uma senhora bem-humorada e excêntrica, apenas. O que é uma pena, pois Parton é dona de uma obra valiosa que merece ser conhecida. Tanto que em 2011 recebeu um Grammy por sua contribuição à música.

A influência da cantora está nos mais diversos estilos da música pop, e mesmo o público brasileiro pode conhecer alguns de seus maiores sucessos, ainda que em versões de outros artistas. “Jolene”, uma de suas canções mais famosas, já foi gravada pelo grupo de rock gótico The Sisters of Mercy e pela dupla The White Stripes. E um dos maiores hits de Whitney Houston, “I Will Always Love You”, também é criação da norte-americana nascida em 1946, no Tennessee.

Dolly Parton começou a carreira ainda criança, e gravou o primeiro compacto aos 13 anos de idade. Desde cedo também compôs para outros artistas, o que lhe rendeu alguns de seus sucessos iniciais. Sua primeira gravação a entrar na parada country foi “Dumb Blonde”, que, apesar do título, mostrou nos anos seguintes que de burra não tinha nada.

No final da década de 60, passou a se apresentar regularmente no programa de TV do astro country Porter Wagoner, o que ajudou a popularizar a imagem e nome da cantora. Durante anos, os dois lançaram diversos singles e álbuns de sucesso.

O primeiro single solo a atingir o primeiro lugar na parada country foi “Joshua”, em 1971. A partir daí, Parton gravou diversos hits, como “Coat of Many Colours”, que fala sobre a infância pobre ao lado de 12 irmãos, e as já citadas “Jolene” e “I Will Always Love You”. Foi nos anos 70 que apareceu a transição para o pop e o sucesso de maior alcance, graças a singles como “Here You Come Again” e o flerte com a disco music em “Baby I’m Burning” e “I Wanna Fall in Love”.

Na década seguinte, Dolly Parton já era uma das cantoras mais populares dos Estados Unidos, com hits como “9 to 5” e o dueto com Kenny Rodgers em “Islands in The Stream” –canção composta pelos Bee Gees. Além disso, estrelou filmes de sucesso ao lado de atores famosos na época, como Burt Reynolds, Jane Fonda e Sylvester Stallone.

Apesar de todo o sucesso, nos anos 90 Dolly viu aumentar o desinteresse por parte do público jovem pelos artistas tradicionais do country, cujas paradas começavam a ser dominadas por nomes que modernizavam o estilo, mas a cantora continuou a gravar nos anos seguintes com graus variados de sucesso.  Nunca deixou suas raízes de lado, e, nos últimos tempos, voltou ao country pop, primeiro com o disco “Backwoods Barbie”, de 2008, e tem sido redescoberta por uma nova geração de ouvintes jovens, também por conta de sua participação no programa “Hannah Montana”, estrelado por sua afilhada Miley Cyrus.

Conheci a música de Dolly Parton nos anos 80, primeiro com o hit “9 to 5”. Depois, ao ouvir a versão do Sisters of Mercy para “Jolene” e descobrir que a original é da cantora, comecei a ir atrás de mais músicas, ainda que nada muito a sério. Foi só no começo da década passada que realmente passei a ouvir os discos lançados nos anos 60 e 70, quando comecei a pesquisar mais sobre o country norte-americano. Uma ótima maneira de entrar na vasta discografia da cantora é a caixa “Dolly”, que reúne material desde suas primeiras gravações até 2009, quando o pacote chegou às lojas.


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