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Pop Link elege os 20 singles de 2011
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Fernando Kaida

Depois da lista com os melhores discos do ano, publicada na semana passada, o Pop Link elege os 20 singles de 2011.

Para a lista não ficar muito parecida com a de álbuns, selecionei canções lançadas apenas em singles (com poucas exceções, como o Widowspeak, cujo álbum não entrou na lista dos melhores por pouco).

As músicas abrangem lançamentos do ano todo e acho que representam bem a variedade de música interessante disponível em 2011. Do electro rockabilly de Willy Moon ao rock experimental do On Fell, a seleção tem pop eletrônico com soft rock (Lover Lover e Trophy Wife), pop cinematográfico (Lana Del Rey), folk e blues (Michael Kiwanuka e Jamie N Commons) e muito mais.

Boa parte desses artistas deve lançar o primeiro disco em 2012, então vale ficar de olho se você gostar de algo.

Ouça a seleção com os 20 singles de 2011 e veja a lista abaixo.

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Willy Moon – “I Wanna be Your Man”
Lover Lover – “Freebirds”
Lana del Rey – “Video Games”
Michael Kiwanuka – “I’m Getting Ready”
Widowspeak – “Gun Shy”
Trophy Wife – “The Quiet Earth”
Kindness – “Cyan”
Soft Moon – “Repetition”
Dirty Beaches – “No Fun”
Jamie N Commons – “The Preacher”
Outfit – “Two Islands”
Anr – “It’s Around You”
Doug Paisley – “No One But You”
Daniel Maloso – “Discoteca Cavernicola”
Fucked Up – “The Other Shoe”
Goitia Deitz – “Coma”
Stealing Sheep – “I am The Rain”
Still Corners – “Cuckoo”
Acid Glasses – “My Pale Garden”
On Fell – “Untitled”


Três discos do Boris em um ano
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Fernando Kaida

O ano que passou foi bastante produtivo para a banda japonesa Boris. Nada menos que três discos do trio chegaram às lojas em 2011.

Não bastassem três lançamentos, há diferenças entre as edições japonesa e norte-americana de um mesmo disco, o que complica acompanhar essa produção devidamente. Simplificando, é assim:

“New Album” foi lançado originalmente apenas no Japão em março deste ano. Em seguida, em maio, vieram “Attention Please” e “Heavy Rocks” (mesmo título de um álbum que  banda lançou em 2002), simultaneamente nos dois mercados.

No final de novembro passado, “New Album” ganhou uma edição norte-americana, com lista de músicas ligeiramente diferente da versão japonesa. E faixas de “New Album” aparecem modificadas nos dois álbuns seguintes.

Os três discos juntos deixam clara a variedade sonora do trio japonês, que passa por estilos pesados, como heavy metal, doom e drone experimental, sem deixar de lado o pop radiofônico.

Gosto bastante de “New Album” e “Attention Please”, e acho “Heavy Rocks” o pior dos três. Porém, se os três álbuns fossem condensados em um único, o resultado seria incomparável.  “Party Boy”, “Hope” e “Spoon” são três das melhores canções que a banda já fez.

Se você está chegando agora ao mundo do Boris, “New Album” e “Attention Please” são ótimas portas de entrada. Esse último é especial por ser o primeiro disco do grupo no qual a guitarrista Wata canta em todas as faixas. Para quem quiser ir além, recomendo ainda o ótimo disco “Pink”, de 2005.

Ouça abaixo faixas de cada um dos discos lançados neste ano pelo Boris.

“Hope” (“New Album”)

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“Spoon” (“New Album”)

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“Party Boy” (“New Album”)

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“Party Boy” (“Attention Please”)

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“Las Paul Custom ’86” (“Attention Please”)

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“Riot Sugar” (“Heavy Rocks”)

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“Window Shopping” (“Heavy Rocks”)

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On Fell faz pop sofisticado sem nome em single
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Fernando Kaida

On Fell é um projeto novo liderado por ex-integrantes de importantes bandas do pós-rock britânico dos anos 90, Andrew Johnson (Hood/Remote Viewer) e Chris Adams (Hood/Bracken), que com mais dois companheiros levam o pop a outro nível de sofisticação.

O primeiro mais recente single do grupo traz duas canções sem título. A primeira mistura vocal melodioso e sussurrado sobre batida quebrada e elementos eletrônicos que poderiam ter saído do catálogo do cultuado selo Warp. A canção termina com a inclusão de uma linha de baixo que imediatamente remete aos acordes de Peter Hook, do New Order.

A segunda música do single começa como uma balada apenas com um violão e vocais etéreos masculino e feminino para então receber uma base arrastada com distorções e ruídos que deixam a faixa com uma beleza áspera.

Duas canções simples e ao mesmo tempo com características que as tornam únicas em um encontro de indie pop retrô, pop eletrônico e algo de experimental. Diferentemente do post de ontem, sobre o Kindness, neste single o On Fell se resume apenas a música. O compacto não tem capa, informação sobre as músicas, nada. É apenas um pedaço de plástico transparente com um rótulo no meio, limitado em 300 cópias, que faz diferença apenas para os fetichistas e colecionadores. Se você não se encaixa nessas duas categorias, apenas ouça as canções aqui e aproveite um dos melhores lançamentos dos últimos meses.

[uolmais type=”audio” ]http://mais.uol.com.br/view/12299610[/uolmais]

 

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Brasileira cria mundo de ficção onde canções são como sonhos narrados
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Fernando Kaida

Quando voltou ao Brasil no começo de 2010, após viver nos Estados Unidos desde a adolescência, Manuela Leal tinha o desejo de se dedicar novamente à música, tema que estudou na juventude e do qual há pouco havia se reaproximado.

Ainda em Nova York, antes de seu retorno ao país, comprou equipamentos e começou a gravar em sua casa. Foi quando a brasileira formada em artes plásticas viu que poderia conciliar a música com o interesse no lado estético, com capas, artes e sites do projeto que batizou como Anna-Anna.

Conheci as músicas do Anna-Anna nesta semana e fiquei fã imediatamente. As quatro faixas do EP digital “Last Night I Lit The Moon” são a trilha de um mundo de ficção criado pela brasileira, no qual as músicas funcionam como sonhos narrados.

Não acho que dê para chamar o Anna-Anna de um projeto de música brasileira, a não ser pelo fato de Manuela Leal ter nascido aqui. As canções têm um lado experimental, mas em cada uma delas há algo de familiar e cativante. Seja a escolha dos timbres e efeitos, seja o vocal falado que remete a figuras como Laurie Anderson.

[uolmais type=”audio” ]http://mais.uol.com.br/view/12219673[/uolmais]

Baixe o EP “Last Night I Lit The Moon” de graça aqui.
Fiz uma pequena entrevista por e-mail com Anna-Anna para falar sobre sua música. Leia abaixo.

De onde saiu o nome Anna-Anna?
O nome Anna-Anna foi um alter ego, (tirado do) primeiro nome da Anna Magnani, a minha atriz preferida. Eu dizia que Anna-Anna vive num mundo de ficção onde tudo é possível. Passado e presente se unem.

As músicas do EP “Last Night I Lit The Moon” foram as primeiras que você gravou?
Sim, foram as primeiras. Uso um sintetizador analógico de bolso e o computador.

Quando ouvi o EP, pensei em Laurie Anderson, Maria Minerva, Dirty Beaches e cantoras francesas dos anos 60. Que sonoridade você busca nas suas canções?
Adoro Maria Minerva e Dirty Beaches:). Quando comecei o objetivo era encontrar o meio para as letras, que eram ao mesmo tempo românticas e futuristas. Eu queria que a voz fosse gravada perto do microfone (“close-miked”, como chamam) quase como sussuros, como narrativas em sonhos. Assim como as cantoras tipo Ornella Vanoni e Françoise Hardy, que têm voz mais baixa e quase “falam” em vez de “cantar”. Adoro música francesa em geral. A música em sí é bastante minimalista, beeemmmm devagar. Quando eu conto pras pessoas que faço música eletrônica, logo se pensa em dançar, o que não é o caso aqui. Gosto também do trabalho do John Cale com a Nico, ele produziu todos os discos dela, e tinha aquela combinação sinistra entre a voz grave dela e a dissonância minimalista do som dele.

Agora que estou gravando músicas novas acho que estou chegando perto do que eu queria mesmo, colocando a voz na frente do mix, com as letras e tudo mais, e mais e mais minimalistas, quase como músicas clássicas de filmes como “Casablanca” e músicas que a Marilyn Monroe cantava. Só que o som por baixo é “de plástico”. Estou também me apaixonando por hip hop. Sério. Tirando as letras. Tem um produtor, o Clams Casino, cujo álbum instrumental saiu pela Tri-Angle, tem umas batidas com um lado psicodélico maravilhoso. A simplicidade é a coisa mais difícil…no momento tem um rapper que ele produziu, ASAP Rocky, com uma música chiclete chamada “Peso” que eu não consigo parar de ouvir.

Você escolheu gravar em inglês tendo em vista o mercado internacional? Acha que suas canções e letras funcionariam da mesma forma em português?
Eu escolhi o inglês porque a maioria da música que eu ouço é feita em inglês. Além disso, acho que escrevo melhor em inglês do que em português, e os temas, as letras, soariam muito estranhas em português. Tenho uma ideia pra escrever em português, mas vai estar ligado a um projeto maior que incorpora artes plásticas, sobre o “Brasil” como essa utopia distante que se constrói na cabeça da pessoa que saiu pro mundo muito jovem.

Mas a verdade é que o público é muito pequeno pra esse tipo de música (música experimental não-dançante) no Brasil e para ter um alcance maior eu teria que falar inglês. As letras são baseadas em experiências que eu viví ainda fora.

Você pretende lançar o material gravado em disco físico? Já fez shows?
Só com apoio de gravadora, o que ainda não está fechado. Eu gostaria de lançar vinil, mas o custo é muito alto. Nesse momento estou focada em gravar coisas novas e na internet como meio de divulgação.

Ainda não fiz shows. A idéia é terminar essas músicas novas até o fim de novembro e depois ensaiar pra tocar ao vivo; estou começando a esboçar uma pequena turnê na Inglaterra no verão deles, a partir de meados de maio de 2012, e talvez Estados Unidos, mas nada está certo. Quero tocar no Rio e em São Paulo antes de ir, mas ainda são apenas idéias.

O fato de ser carioca e morar no Rio de Janeiro tem alguma influência na sua música? Ela me parece fazer um contraponto ao lugar-comum do rio praiano e ensolarado.
Engraçado, né? Realmente não tem nada a ver com o samba e temas tipo brisa do mar, sol, praia, etc. Na verdade, se tem uma influência, e acho que esse foi um fator marcante na minha vida, foi uma casa noturna que teve no Rio nos anos 90, quando eu ainda morava aqui, chamada Dr. Smith. Naquela época tinha uma cena muito legal, eu aprendi muito, era garota de colégio, mas vivia para isso. (O lugar) tocava mais rock e coisas ecléticas, mas as pessoas se vestiam com estilo próprio, e se recusavam em ir à praia pra manter o look noturno. Era essa ideia da música como meio para uma estética e identidade.

Aliás, essa casa noturna meio que herdou isso de um outro lugar chamado Crepúsculo de Cubatão, que era um clube “dark” dos anos 80 (eu era criança na época, nunca fui). A cidade sempre teve uma população escassa de figuras exóticas não-praianas. Frequento às vezes umas festas rockabilly, mas aquela combinação de rock, música eletrônica e outros não existe mais. As coisas estão mais separadas hoje em dia. Até hoje rolam uns revivals “Crepúsculo de Cubatão”  que eu não perco por nada, porque aliás a saudade mais macabra é daquilo que nunca vivemos. Eu morei uns meses na Inglaterra quando tinha 13 anos, e foi aí que comecei a investigar pra valer essas outras possibilidades.

http://anna-anna.tv


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