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Canções de Nora Dean são tesouro pouco conhecido do reggae
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Fernando Kaida

A gravadora inglesa Trojan Records lançou recentemente mais um volume da série de compactos com faixas raras de artistas de reggae, ska e variações jamaicanas. Dessa vez, o disco traz duas gravações feitas para o produtor Harry Johnson.

O destaque é a versão de Nora Dean para “Mama”, que tem agora seu lançamento oficial, quase 40 anos depois de gravada. Além da versão em vinil, a faixa foi incluída na caixa “The Story of Trojan Records”, também deste ano.

Em 1973, a cantora gravou “Mama” para dois produtors jamaicanos, Johnson e Bunny Lee. Apesar da versão para o primeiro ter sido gravada antes, foi o segundo quem se adiantou no lançamento. Com a boa recepção do single de Bunny Lee na Jamaica e Inglaterra, a gravação feita para Harry Johnson foi engavetada.

Nora Dean – “Mama” (Harry Johnson version)

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Nas duas versões, Nora Dean canta sua composição sobre a base conhecida como “Liquidator”, uma faixa originalmente instrumental gravada pelo grupo Harry J All Stars e que já foi utilizada em várias outras canções de reggae.

O importante é que, com o single novo da Trojan, mais uma canção de Nora Dean é relançada. Pouco conhecida e com uma discografia modesta para os padrões jamaicanos, a cantora é um dos tesouros do reggae. As canções gravadas por ela nas décadas de 1960 e 70 são verdadeiras pérolas, daquelas capazes de conquistar até quem torce o nariz para o ritmo da ilha caribenha.

Dean fez parte dos grupos vocais The Ebony Sisters, The Soul Sisters e The Soulettes, mas é sua produção solo que se destaca. Sua música mais conhecida é “Barbwire”, mas é “Angie La La” que fez dela uma de minhas cantoras favoritas. Uma faixa psicodélica que soa como nenhuma outra.

O único álbum da cantora, “Play me a Love Song”, foi lançado em 1979. Nenhum dos singles faz parte do disco, que tem um direcionamento mais pop, com algumas baladas e um cover torto de “Suspicious Minds”, clássico de Elvis Presley. Como apenas uma tiragem foi feita do vinil, é raro encontrá-lo à venda, mas dá para baixar por aí. A imagem que ilustra o post foi tirada da capa do LP.

Nora Dean – “Caught in a Trap”

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Na década de 1980, a cantora converteu-se ao cristianismo e deixou o reggae de lado para gravar apenas discos religiosos.  No site dedicado à cantora, a informação mais recente, de 2010, dá conta de que Nora Dean estava com a saúde debilitada após sofrer um derrame.

Ouça abaixo a versão de “Mama” gravada para o produtor Bunny Lee, lançada em 1973.

 

Nora Dean – “Angie La La”

 

No lado B do compacto lançado pela Trojan está a instrumental “Natty in Hong Kong”, do grupo Soul Syndicate.


Compilação retrata período fervilhante na música britânica por meio das Peel Sessions
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Fernando Kaida

As famosas Peel Sessions, gravações de artistas ao vivo no programa do DJ inglês John Peel na BBC, acabam de ganhar uma coleção dedicada a um dos períodos mais criativos e interessantes da música pop.

“Movement – BBC Radio 1 Peel Sessions 1977 – 1979” faz em 41 faixas uma espécie de registro da diversidade e importância do programa em um momento em que a música britânica fervilhava. A seleção tem nomes –então novos– do punk, pós-punk, reggae, ska e veteranos do pub rock em apresentações exclusivas nos estúdios da BBC para o programa de Peel.

The Jam, Buzzcocks, Siouxsie and The Banshees, Stiff Little Fingers, Joy Division, Simple Minds, Public Image Limited, Steel Pulse, Madness e Human League são apenas alguns dos artistas que contribuem com faixas para a compilação. Há ainda nomes menos conhecidos, como Tom Robinson Band e The Flys, que servem como exemplo para o ecletismo do programa. Bastava sua música cair no gosto do DJ para ganhar espaço.

“Movement” é o primeiro volume de uma série com os arquivos das Peel Sessions que a BBC e a EMI prometem para os próximos meses.

The Jam – “In The City (Peel Session)”

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The Undertones – “Get Over You (Peel Session)”

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Até a morte do radialista, em 2004, ter sua música tocada no programa e ser convidado para gravar uma Peel Session era algo almejado por muitos artistas, novos ou não. O DJ Marc Riley, que assina o texto no encarte do lançamento, diz que “se John não tocasse seu disco, os dias de sua banda estavam praticamente contados.” Pode parecer exagero, mas dá uma ideia da dimensão e importância de Peel para a formação de diferentes gerações de bandas e ouvintes.

The Killing  Joke – “Wardance (Peel Session)”

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Madness – “The Prince (Peel Session)”

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Desde que comecei a me interessar por música,  fazia o possível para comprar ou gravar em fitas os discos em vinil que a gravadora Strange Fruit lançava com algumas das Peel Sessions. Graças à internet, ouvi ao vivo o programa por quatro anos, até a morte do radialista.

Nesse curto período de tempo, conheci artistas dos quais nunca tinha ouvido falar antes, e provavelmente continuaria sem conhecê-los, sem ouvir o programa que Peel apresentava três vezes por semana.

Em mais de 40 anos de carreira, John Peel nunca perdeu o interesse pelo novo e diferente. Em seu programa era possível ouvir na mesma noite, e em sequência, uma banda de indie pop, um death metal, um tecno hardcore e um clássico do reggae. Tudo junto e fazendo sentido.


Adele em versão reggae e mais novidades em seleção mixada
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Fernando Kaida

Esse primeiro mix do blog Pop Link reúne alguns bons singles lançados nos últimos meses.

Ouça e saiba mais sobre cada artista.

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“I Am The Rain” – Stealing Sheep
A seleção abre com as garotas britânicas do Stealing Sheep, que bebem na fonte do Velvet Underground em “I Am The Rain”, canção que está no segundo single do grupo.

“Gimme no More” – Dexter
O produtor e MC lançou agora uma versão extendida da base criada para uma competição de dança realizada no começo do ano. A sombria “Gimme no More” coloca um sample do tema do filme “Psicose” sobre as batidas quebradas de Dexter.

“Spy (Simonsound remix)” – Laura J Martin
A nova cantora Laura J Martin aparece com uma versão remixada pelo Simonsound, cheia de groove empoeirado para a flauta folk de “Spy”.

“No One But You” – Doug Paisley
Balada de tintas folk, country e pop desse novo cantor canadense de voz suave.

“Weird Girl” – Mara Carlyle
A inglesa Mara Carlyle levou sete anos para lançar o segundo disco, “Floreat”. Sozinha, a contagiante “Weird Girl” já justifica a espera.

“Paul Simon” – This Many Boyfriends
Esta banda indie pop inglesa vem cheia de referências. O nome foi tirado de uma canção do Beat Happening. O segundo single, “Young Lovers go Pop!”, traz essa homenagem ao norte-americano Paul Simon. Qual será a próxima?

“Beri-Beri” – Kleenex
Lançado originalmente em 1978, o primeiro single da banda pós-punk de garotas Kleenex foi relançado pelo selo For Us, da loja de discos inglesa Rough Trade. É um documento da geração de garotas que se aventuravam pelo art-punk feminista, que tinha também nomes como Raincoats, Slits e Essential Logic.

“Been Better” – Kyla la Grange
Primeiro single da cantora folk e rock inglesa apontada como uma das revelações do ano.

“Ranking in The Deep” – Harvey K-Tel
O produtor Harvey K-Tel coloca um pouco de reggae no sucesso “Rolling in The Deep”, da inglesa Adele.

“Romantic and Macho at The Same Time” – Shit and Shine
Shit and Shine, o coletivo percussivo experimental que pode reunir mais de uma dúzia de baterias em sua formação bolou um dos melhores títulos de música dos últimos tempos. A música? Noise eletrônico que parece a trilha sonora de um matadouro.


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