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Com guitarra e bateria, DZ Deathrays faz música para festejar e quebrar tudo
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Fernando Kaida

Dois moleques de Brisbaine, Austrália, são responsáveis por algumas das canções mais caóticas e pop ao mesmo tempo desde que o Death From Above 1979 despontou há alguns anos.

Com apenas bateria e guitarra com efeitos e distorções variadas, Shane Parsons e Simon Ridley condensam influências de rock de garagem, dance music, punk e metal com uma dose de improvisação. É música para tocar e perder o controle no auge da festa.

A dupla tem dois EPs lançados até agora na Austrália. O selo inglês Too Pure colocou agora nas lojas um single com as faixas ''Gebbie Street'' e ''Rad Solar'', que já haviam saído no EP ''Brutal Tapes''. O outro disco disponível é ''Ruined my Life'', e todos são altamente recomendados.

Aí embaixo tem ''Gebbie Street'' e ''Blue Blood'' para ouvir. Logo depois, o clipe de ''Rad Solar''.

 



Still Corners e a psicodelia assombrada de “Creatures of an Hour”
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Fernando Kaida

Com a velocidade em que bandas novas aparecem atualmente, quando poucos meses se passam dos primeiros ensaios ao disco de estreia, o Still Corners já se destaca por sua trajetória .

A banda inglesa levou cerca de três anos para chegar a ''Creatures of an Hour'', lançado agora pela Sub Pop. O tempo percorrido entre o EP independente ''Remember Pepper'', de 2008, e o primeiro álbum serviu para o grupo se aprofundar nas influências e aprimorar suas canções que misturam a psicodelia sessentista com climas cinematográficos.

Nas dez faixas de ''Creatures of an Hour'', o Still Corners criou uma trilha sonora para imagens pertencentes ao passado, como se embaçadas por uma névoa que permeia todo o disco. A cantora Tessa Murray soa como um fantasma sussurrando em seu ouvido, sem deixar claro de onde vem, e os teclados e reverberações da gravação completam o clima que é ao mesmo tempo envolvente e assombrado.

Canções como ''Cuckoo'', ''Endless Summer'' e ''I Wrote in Blood'' são como o encontro do Broadcast com as composições de Ennio Morricone, cantoras francesas dos anos 60 –como Brigitte Fontaine– e os climas de ''Twin Peaks''. Assustadoramente imperdível.

 

Uma edição limitada de ''Creatures of an Hour'', vendida na loja inglesa de discos Rough Trade, traz um disco extra compilado pelo integrante Greg Hughes. O disco traz faixas de artistas que servem de inspiração para a banda, como Breakout, Caribou, New Order e Laetitia Sadier, entre outros. Ouça a seleção no player abaixo.

 

Clipe de ''Cuckoo''


Não deixe o ano terminar sem conhecer Michael Kiwanuka
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Fernando Kaida

Quando lançou o EP ''Tell Me A Tale (Isle Of Wight Sessions)'' em meados do ano, o cantor inglês Michael Kiwanuka foi logo colocado no pacote da nova música soul.

O que até faz sentido, já que as três faixas do single são carregadas de influência soul nos arranjos, batidas e instrumentação.

Poucos meses depois, porém, veio o segundo EP, ''I'm Getting Ready''. E o soul deu lugar ao folk em três baladas matadoras que mostram a versatilidade do cantor e compositor.

Soul, folk ou o que quer que venha por aí, o fato é com apenas esses dois EPs que somam seis músicas, Michael Kiwanuka é uma das revelações do ano, e já espero por seu álbum de estreia, ''Home Again'', previsto para sair no final de fevereiro próximo.

Os dois singles de Kiwanuka foram lançados em versão digital e em vinil de 10'' pelo selo inglês Communion, que tem entre os fundadores o músico Ben Lovett, do Mumford and Sons.

Ouça abaixo uma faixa do EP ''I'm Getting Ready'' e assista ao vídeo de ''Tell me a Tale''



Dum Dum Girls chega mais perto do pop perfeito em “Only in Dreams”
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Fernando Kaida

Do primeiro disco, ''I Will Be'', de 2010, para este recém-lançado ''Only in Dreams'', o Dum Dum Girls deixou de ser um projeto da cantora e compositora Dee Dee para se transformar oficialmente em uma banda.

Agora, além de tocar com Dee Dee nas turnês, as garotas Jules (guitarra), The Bambi (baixo) e Sandy (bateria) participam de todo o processo de gravação do álbum.

A evolução é clara no som do disco novo, que vem mais forte e preciso. Um aperfeiçoamento da mistura de pop sessentista de garotas, como Shangri-Las e Ronettes, com guitarras da surf music, e o vigor do punk e indie pop dos anos 80. É uma coleção de 10 canções curtas  –nove das faixas ficam abaixo dos quatro minutos de duração– com refrões para cantar junto.

Por faixas irresistíveis, como ''Always Looking'', ''Bedroom Eyes'' e ''Heartbeat (Take it Away)'', já sei que ''Only in Dreams'' é um dos discos que farão a trilha sonora dos meus próximos meses. Quem sabe ele também sirva para você.

 

Veja aqui o clipe de ''Bedroom Eyes'', com seu visual Shangri-las.

 

 


Três músicas quentes para o fim de semana
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Fernando Kaida

Três novidades de estilos diferentes para ir atrás dos discos e embalar o fim de semana.

Evans The Death – ''Threads''
Primeiro single da banda inglesa de indie pop, lançado pela cultuada gravadora Fortuna Pop!. Batida dançante, refrão grudento e vocal feminino em pouco mais de dois minutos. Para quem gosta de Pains of Being Pure at Heart, Heavenly e Allo Darlin'.

 

Jeffrey Lewis – ''How Can it Be''
Cantor, compositor e cartunista, Jeffrey Lewis conta suas histórias vividas em Nova York em forma de canções folk pop. No disco novo, ''A Turn in The Dream Songs'', as músicas aparecem menos cruas que em trabalhos anteriores, e Lewis é acompanhado por uma banda formada por integrantes dos grupos Wave Pictures e Sussex Wit.

 

Spank Rock – ''The Dance''
Seis anos depois da estreia ''YoYoYoYoYo'', o projeto de rap norte-americano chega agora ao segundo disco, ''Everything Is Boring & Everyone Is a Fucking Liar'' (um dos melhores títulos do ano). Liderado por Naeem Juwan, o Spank Rock expandiu os limites do álbum anterior e trabalhou ao lado dos produtores alemães Boys Noize. As batidas festeiras do club rap de Baltimore dividem espaço com elementos do rock, pop, dance e eletrônica. ''Everything Is Boring…'' pode ser menos imediato que o antecessor, mas oferece mais descobertas ao longo do tempo.

 

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E para quem está em São Paulo, domingo é dia de feira de discos na Vila Madalena. Serão mais de 60 vendedores com suas bancas de LPs, CDs, compactos e memorabilia pop. ótima opção de passeio.


Brasileira cria mundo de ficção onde canções são como sonhos narrados
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Fernando Kaida

Quando voltou ao Brasil no começo de 2010, após viver nos Estados Unidos desde a adolescência, Manuela Leal tinha o desejo de se dedicar novamente à música, tema que estudou na juventude e do qual há pouco havia se reaproximado.

Ainda em Nova York, antes de seu retorno ao país, comprou equipamentos e começou a gravar em sua casa. Foi quando a brasileira formada em artes plásticas viu que poderia conciliar a música com o interesse no lado estético, com capas, artes e sites do projeto que batizou como Anna-Anna.

Conheci as músicas do Anna-Anna nesta semana e fiquei fã imediatamente. As quatro faixas do EP digital ''Last Night I Lit The Moon'' são a trilha de um mundo de ficção criado pela brasileira, no qual as músicas funcionam como sonhos narrados.

Não acho que dê para chamar o Anna-Anna de um projeto de música brasileira, a não ser pelo fato de Manuela Leal ter nascido aqui. As canções têm um lado experimental, mas em cada uma delas há algo de familiar e cativante. Seja a escolha dos timbres e efeitos, seja o vocal falado que remete a figuras como Laurie Anderson.

Baixe o EP ''Last Night I Lit The Moon'' de graça aqui.
Fiz uma pequena entrevista por e-mail com Anna-Anna para falar sobre sua música. Leia abaixo.

De onde saiu o nome Anna-Anna?
O nome Anna-Anna foi um alter ego, (tirado do) primeiro nome da Anna Magnani, a minha atriz preferida. Eu dizia que Anna-Anna vive num mundo de ficção onde tudo é possível. Passado e presente se unem.

As músicas do EP ''Last Night I Lit The Moon'' foram as primeiras que você gravou?
Sim, foram as primeiras. Uso um sintetizador analógico de bolso e o computador.

Quando ouvi o EP, pensei em Laurie Anderson, Maria Minerva, Dirty Beaches e cantoras francesas dos anos 60. Que sonoridade você busca nas suas canções?
Adoro Maria Minerva e Dirty Beaches:). Quando comecei o objetivo era encontrar o meio para as letras, que eram ao mesmo tempo românticas e futuristas. Eu queria que a voz fosse gravada perto do microfone (''close-miked'', como chamam) quase como sussuros, como narrativas em sonhos. Assim como as cantoras tipo Ornella Vanoni e Françoise Hardy, que têm voz mais baixa e quase ''falam'' em vez de ''cantar''. Adoro música francesa em geral. A música em sí é bastante minimalista, beeemmmm devagar. Quando eu conto pras pessoas que faço música eletrônica, logo se pensa em dançar, o que não é o caso aqui. Gosto também do trabalho do John Cale com a Nico, ele produziu todos os discos dela, e tinha aquela combinação sinistra entre a voz grave dela e a dissonância minimalista do som dele.

Agora que estou gravando músicas novas acho que estou chegando perto do que eu queria mesmo, colocando a voz na frente do mix, com as letras e tudo mais, e mais e mais minimalistas, quase como músicas clássicas de filmes como ''Casablanca'' e músicas que a Marilyn Monroe cantava. Só que o som por baixo é ''de plástico''. Estou também me apaixonando por hip hop. Sério. Tirando as letras. Tem um produtor, o Clams Casino, cujo álbum instrumental saiu pela Tri-Angle, tem umas batidas com um lado psicodélico maravilhoso. A simplicidade é a coisa mais difícil…no momento tem um rapper que ele produziu, ASAP Rocky, com uma música chiclete chamada ''Peso'' que eu não consigo parar de ouvir.

Você escolheu gravar em inglês tendo em vista o mercado internacional? Acha que suas canções e letras funcionariam da mesma forma em português?
Eu escolhi o inglês porque a maioria da música que eu ouço é feita em inglês. Além disso, acho que escrevo melhor em inglês do que em português, e os temas, as letras, soariam muito estranhas em português. Tenho uma ideia pra escrever em português, mas vai estar ligado a um projeto maior que incorpora artes plásticas, sobre o ''Brasil'' como essa utopia distante que se constrói na cabeça da pessoa que saiu pro mundo muito jovem.

Mas a verdade é que o público é muito pequeno pra esse tipo de música (música experimental não-dançante) no Brasil e para ter um alcance maior eu teria que falar inglês. As letras são baseadas em experiências que eu viví ainda fora.

Você pretende lançar o material gravado em disco físico? Já fez shows?
Só com apoio de gravadora, o que ainda não está fechado. Eu gostaria de lançar vinil, mas o custo é muito alto. Nesse momento estou focada em gravar coisas novas e na internet como meio de divulgação.

Ainda não fiz shows. A idéia é terminar essas músicas novas até o fim de novembro e depois ensaiar pra tocar ao vivo; estou começando a esboçar uma pequena turnê na Inglaterra no verão deles, a partir de meados de maio de 2012, e talvez Estados Unidos, mas nada está certo. Quero tocar no Rio e em São Paulo antes de ir, mas ainda são apenas idéias.

O fato de ser carioca e morar no Rio de Janeiro tem alguma influência na sua música? Ela me parece fazer um contraponto ao lugar-comum do rio praiano e ensolarado.
Engraçado, né? Realmente não tem nada a ver com o samba e temas tipo brisa do mar, sol, praia, etc. Na verdade, se tem uma influência, e acho que esse foi um fator marcante na minha vida, foi uma casa noturna que teve no Rio nos anos 90, quando eu ainda morava aqui, chamada Dr. Smith. Naquela época tinha uma cena muito legal, eu aprendi muito, era garota de colégio, mas vivia para isso. (O lugar) tocava mais rock e coisas ecléticas, mas as pessoas se vestiam com estilo próprio, e se recusavam em ir à praia pra manter o look noturno. Era essa ideia da música como meio para uma estética e identidade.

Aliás, essa casa noturna meio que herdou isso de um outro lugar chamado Crepúsculo de Cubatão, que era um clube ''dark'' dos anos 80 (eu era criança na época, nunca fui). A cidade sempre teve uma população escassa de figuras exóticas não-praianas. Frequento às vezes umas festas rockabilly, mas aquela combinação de rock, música eletrônica e outros não existe mais. As coisas estão mais separadas hoje em dia. Até hoje rolam uns revivals ''Crepúsculo de Cubatão''  que eu não perco por nada, porque aliás a saudade mais macabra é daquilo que nunca vivemos. Eu morei uns meses na Inglaterra quando tinha 13 anos, e foi aí que comecei a investigar pra valer essas outras possibilidades.

http://anna-anna.tv


Disco do Balam Acab é viagem submersa para ir com fones de ouvido
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Fernando Kaida

O norte-americano Alec Kroone parece habitar um mundo paralelo próprio, no qual seu Balam Acab é responsável pela trilha sonora.

E por ''Wander/Wonder'', seu primeiro álbum, fica evidente que esse outro mundo existe sob a água, onde apenas com fones de ouvido é possível acompanhar tudo o que acontece.

A imagem da capa remete a uma fenda nas profundesas do oceano, que serve de porta de entrada para esse ambiente formado por sons delicados de borbulhas, água corrente e ondas, vocais agudos que parecem alienígenas, climas etéreos e ruídos que se completam em harmonia. É eletrônico, mas soa orgânico, com algo de ambient e r&b desconstruídos.

Lançado pelo selo Triangle, ''Wander/Wonder'' é cheio de detalhes imprescindíveis a cada faixa e merece uma pausa nas atividades para ser devidamente desbravado. Coloque seu melhor fone e mergulhe.

 


Pop ácido do Acid Glasses é oferecido de graça em fita cassete e MP3
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Fernando Kaida

À frente do projeto Acid Glasses, o norte-americano Nick Burk sobrepôs ruídos psicodélicos, melodia pop e vocais distorcidos e infantis para criar o pop ácido de ''My Pale Garden''.

A música abre o single de três faixas que o Acid Glasses já disponibiliza há algum tempo na web e que ganhou edição física em compacto de vinil neste mês pelo selo Stroll On Records.

A banda deveria fazer sua primeira turnê inglesa neste mês, mas foi deportada de volta aos Estados Unidos, junto com as 200 cópias do primeiro disco, em fita cassete, que seriam vendidas nos shows.

Agora, o Acid Glasses oferece de graça as fitas cassetes com o disco ''Tape, Deported'' para quem entrar em contato por e-mail. As músicas também podem ser baixadas de graça aqui.

''My Pale Garden'', que não está no álbum, é essa no player abaixo.


Outfit faz estreia irresistível com “Two Islands”
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Fernando Kaida

Outfit é uma banda nova de Liverpool, Inglaterra, que lançou há pouco o primeiro single, ''Two Islands''.

É daquelas músicas que imediatamente prendem a atenção do ouvinte. A introdução dá a impressão de que vem por aí uma faixa minimalista, de clima gótico. Mas um minuto depois entram as batidas, teclados e o vocal que entregam o talento do grupo para o pop.

Com mais de seis minutos de duração, ''Two Islands'' é iressistivel e está entre os melhores singles de estreia do ano. Se vão manter o nível, só as próximas músicas dirão, mas, por enquanto, é o que basta para se divertir.

Para quem gosta, o compacto é em vinil transparente.

No site da gravadora Double Denim dá para ouvir o lado B, ''Vehicles''


Psicodelia cavernosa do Wooden Shjips fica profissional em “West”
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Fernando Kaida

A capa aí de cima com uma foto da Golden Gate é de ''West'', terceiro disco da banda de São Francisco Wooden Shjips, lançado há alguns dias.

O disco saiu pela cultuada gravadora norte-americana Thrill Jockey –que lançou nomes como Tortoise e Mouse on Mars– e é o primeiro trabalho do Wooden Shjips fora do esquema faça-você-mesmo, gravado em um estúdio profissional e com um produtor de fora da banda.

O ''upgrade'' na parte técnica transparece no som mais vivo e encorpado do disco, mas sem alterar as características da banda. Estão em ''West'' as canções psicodélicas de ritmo hipnótico que leva ao transe, com distorcões de guitarra, baixo e teclados sombrios que soterram os vocais. É como se a herança psicodélica das bandas de São Francisco nos anos 1960 fosse transportada para uma festa em uma caverna.

No player abaixo você ouve ''Home''.

Aqui tem o clipe de ''Black Smoke Rise'', que abre o disco.